terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Aprendendo com os antigos egípcios


“O objetivo comum da irrigação forneceu uma força unificadora e certamente contribuiu para a criação final de um estado político em c. 3100 a.C. […]

Quando o rio subia, uma série de canais direcionava a água para essas bacias, de modo que a terra ficava inundada. Então, a água era retida ali para que o lodo que carregava consigo ficasse depositado na terra. Quando o rio recuava novamente, qualquer água remanescente era drenada, e os fazendeiros podiam, então, arar a terra e plantar seus grãos. Era necessária uma organização complexa de mão de obra e dos recursos para construir e manter esse sistema, e os reis devotaram um esforço considerável para assegurar que as represas e os diques fossem construídos, que os canais fossem cavados e que o sistema fosse devidamente mantido. Períodos de colapso político e econômico foram sempre acompanhados da negligência do sistema de irrigação.

DAVID, Rosalie. Religião e Magia no Antigo Egito. Tradução de Angela Machado. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011. p. 32. [Grifos meus.]

O trecho acima está de acordo com a ideia geral de que a necessidade de criar e manter um sistema amplo de irrigação, que aproveitasse a cheia anual do rio Nilo, captando e distribuindo melhor e mais amplamente a água e propiciando colheitas mais abundantes, tanto impulsionou a unificação do Egito, há cerca de 5.000 anos, como também passou a depender do Estado sua conservação.

“O Egito é uma dádiva do Nilo”, diziam os antigos, e o aproveitamento de suas benesses dependia da estabilidade do Estado e do faraó.

Qualquer semelhança (ou a ausência dela) com a atual crise de abastecimento de água e de energia elétrica resultante da ação de governos que conhecemos não é mera coincidência.

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