quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Rapidinhas 9, 10, 11, 12

#9
— Não gosto de tatuagem.
— É só você não fazer.
— Pois é! Por isso não tenho nenhuma: não gosto, então nunca fiz.

#10
— Aonde vai com todos esses cocos?
— Vou para casa.
— ?
— Eu os descasco, furo, extraio a água e ponho numa jarra na geladeira para minha esposa beber.
— Puxa! Que legal! E qual a sua dica em relação aos cocos?
— Minha dica? Nunca se case, assim você jamais precisará descascar cocos para ninguém.

#11
Quando vejo a sigla CAC, vem-me à mente apenas a Cooperativa Agrícola de Cotia.
Somente isso.  Não mais do que isso.
É bom ter ainda esta lembrança.

#12
Ouvi por aí:
— E como vai Fulana?
— Ah, Fulana vai bem! Com ela está tudo ótimo; só reclama de não ter tempo de fazer as unhas. Ela até chora por causa das unhas.

Apotegma #13

Faze teu trabalho, cumpre tua tarefa por gosto ou porque é tua obrigação — isto é contigo. Mas não o faças esperando agradecimentos ou elogios, principalmente de teus superiores, cuja memória é falha e se lembra com mais facilidade dos aduladores.

Eufemismo

A mulher pediu ao motorista do ônibus:
— Por favor, quando chegarmos ao ponto, você pode parar o ônibus mais perto da calçada? É que ontem, quando eu desci, eu pisei na lama.
— Sim, senhora! É claro que sim.
— Obrigada!
Ouvi a conversa toda e fiquei surpreso.
Então a água servida, o ESGOTO que corre constantemente nas ruas de Santarém, expelido o tempo todo pela maior parte das casas, comércios e empresas da cidade, agora se chama LAMA?
Somos mesmo um país de eufemismos...

Minha vida é revisar por este país...

Paladas de Alexandria (século IV) escreveu sobre os infortúnios dos gramáticos e mestres-escolas. Estava certo e seus versos continuam atuais, apesar da distância espaço-temporal entre ele e nós.
Respeito os professores, e creio que hoje tão desafortunados quanto eles são os revisores de texto: o prazer de ler um romance, conto, artigo científico ou de jornal nos é negado, pois é difícil desfrutar da leitura.
Eu mesmo perco a concentração quando topo com vírgulas faltando ou sobrando, erros de acentuação gráfica, frases mal encadeadas, termos usados equivocadamente... Tendo a parar a leitura o tempo todo para corrigir, emendar o texto. Que maçada! Perco o fio da meada e me desvio da compreensão do que estou lendo.
Quando crescerem, não sejam revisores de texto. Se escolherem essa profissão, será por sua conta e risco. Só não me venham depois dizer que eu não avisei. ;)

Livrarias e acepipes

(Interior da Livraria Lello, Porto, Portugal. Fonte: Wikipédia.)

Meu sonho de consumo era ser como essas pessoas que viajam pelo mundo conhecendo livrarias. Ah, as livrarias de Buenos Aires! Ah, a Livraria Lello no Porto!
Certo jornalista brasileiro gaba-se de ter sua livraria favorita em Nova Iorque. Já certo escritor lusófono, ao ouvir o nome de um país ou cidade, lembra-se logo das livrarias que conhece lá...
Já eu conheço livrarias (na verdade, quase todas elas são "sebos") apenas na cidade de São Paulo, além das ex-livrarias — ou seja, as que deixaram de existir — na cidade onde moro.
Mas, para compensar, tenho minha própria idiossincrasia: quando passo por um lugar que conheço ou me fazem alusão a ele, ou me lembro de uma data, logo me vêm à mente as comidas ou bebidas que saboreei ali ou naquele momento: sanduíche de pernil na Lanchonete Estadão; um pão doce gostoso numa padaria no Largo 13 de Maio, Santo Amaro; suco de uva passa num restaurante libanês; as batidas de um bar já extinto num bairro onde morei; os brigadeiros de uma cafeteria na Ana Rosa; a comida de um restaurante vegetariano no Itaim-Bibi; o primeiro tacacá que tomei (em 2009, na banca de Dona Fausta, em Santarém); o doce de jiló de Caldas Novas; o patê de sardinha, feito por minha sogra, que comi vendo o jogo Brasil vs. Chile da Copa do Mundo de 1998...
Minha esposa diz que tenho memória gastronômica.
Pois é... Cada um com seu super-poder!

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Neymar e o Catar

No UOL, um articulista sugere que críticas a Neymar são fruto de racismo e classismo: seus críticos parecem não aceitar que um negro de origem humilde se torne rico e famoso, uma celebridade conhecida em todo o mundo, um cara invejado por muitos homens e desejado por todas as mulheres.
Já na Folha de São Paulo, outro articulista diz que as críticas ao Catar pela organização da Copa do Mundo de 2022 são “islamofobia deslavada” de ocidentais que querem impor a países muçulmanos sua visão de mundo sobre direitos trabalhistas, direitos das mulheres e dos LGBTs etc.
Pois é, meus amigos... Se vocês não são negros oriundos de comunidade pobre, vocês não podem criticar Neymar, pois estão apenas demonstrando seu racismo e classismo. Da mesma forma, quem não é catariano nem muçulmano não pode nem pensar em apontar algo negativo naquele maravilhoso e rico pequeno paraíso islâmico do Golfo Pérsico.
Se a língua ou os dedinhos coçarem para dizer algo negativo sobre o craque e o país citados, aguentem o prurido!
Eu, como vocês sabem, não sou catariano nem islamita; também não sou negro nem pessoa de origem pobre. Sou europeu e branco, bem branco — aliás, branquíssimo —, legítimo louro alto tipo nórdico (alô, primo Caco!); sou cristão de quatro costados e católico praticante, por mercê de Deus; nunca trabalhei e tenho enorme fortuna resultante de várias gerações de acumulação de capital parasitário... e amo Neymar e o Catar desde criancinha! ;)


Islamofobia deslavada