sábado, 1 de julho de 2023

Lançamento do filme X é realizado na cidade Y

LANÇAMENTO DO FILME X É REALIZADO NA CIDADE Y
🙄🤔
Para que toda essa afetação e verborragia no título de uma notícia? Por que não dizer algo mais simples?
FILME X É LANÇADO NA CIDADE Y — acho que fica bem melhor.
Já faz tempo que reparo na falta de jeito de parte da imprensa ao titular notícias. Teriam deixado de ensinar isso na faculdade? Ou é por causa de não ser mais obrigatório o diploma de jornalismo?

USPício... ou o fim da crítica

Certo autor da moda, popular e badalado disse preferir escrever para encontrar leitores e não para a Universidade de São Paulo (USP), desprezando a crítica literária. Está em seu direito… e vendendo muito. O entrevistador ainda o parabenizou por quebrar o estereótipo do escritor branco, rico e vivendo no Sudeste.
A quem o entrevistador alude quando diz "escritor branco, rico vivendo no Sudeste"? João Antônio ou Ferréz? Jorge Amado era mineiro, sem dúvida nenhuma. Talvez se trate do milionário Plínio Marcos, nascido em berço de ouro nos Jardins, cuja escrivaninha feita de caixotes de madeira com certeza era só mais uma das excentricidades de sua “persona” marginal…
Enfim... Não sei se me sinto lisonjeado por ver a universidade em que me formei citada como sinônimo de crítica literária universitária ou se fico preocupado: estaria a crítica literária em extinção entre nós e a USP seria a única universidade brasileira ainda a praticar essa atividade tão difícil, quase desconhecida e desprestigiada? Seria a USP o último baluarte da crítica literária no Brasil?
A princípio tive medo de meus professores de crítica literária, que me assustavam com sua erudição, sua capacidade de relacionar obras e autores, escolas e correntes, escavando tantas coisas de um poema ou conto. Depois passei a sentir respeito e admiração por eles e por sua atividade ingrata, para a qual alguém se prepara por toda a vida, com muitas horas diárias de leituras, reflexões, anotações, comparações, com um olho nos clássicos da humanidade e outro nas novidades que dia a dia enchem as prateleiras das livrarias… e as listas de “best sellers” — só para depois ser xingado nas redes sociais porque a crítica não saiu favorável ao autor como ele e seus fãs esperavam.
Mas, alvíssaras!
A julgar pelos boatos que ainda ouço de minhas fontes, a USP está há um bom tempo no caminho da decadência, e logo, para a alegria de muita gente, a universidade mais odiada do Brasil chegará ao fim, e com ela a desprestigiada crítica literária universitária, que voltará a ser exercida em nosso país apenas por seus verdadeiros donos, os articulistas companheiros de jornais e blogues, ou pelos gringos que a inventaram.
Nunca mais uma obra literária será GONGADA nas páginas de crítica dos jornais brasileiros. Terá apenas palavras de aprovação!
Mas, no mais e afinal, por que perder tempo escrevendo crítica literária, séria ou a soldo, se os gringos podem fazê-la melhor do que nós… e em inglês?
Crítica para quê? Aos vencedores... o lucro da soja e da "proteína"!