quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Traumas regionais

(Fonte: www.sp-turismo.com)

"Os paulistas nunca superaram 1932" — disse recentemente um intelectual numa entrevista a um canal do YouTube. Concordo com ele, que completou: "É o único povo que comemora uma derrota".
Já nisto ele está errado, pois não se trata de caso único ou isolado.
Os gaúchos também nunca superaram a derrota na Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1835-1845), que eles relembram anualmente todo dia 20 de setembro.
Os pernambucanos, por sua vez, talvez não tenham superado também o fim da Confederação do Equador (1824), liderada por eles, que foram punidos com a perda da Comarca do Sertão, desmembrada e cedida a Minas Gerais, e logo depois, definitivamente, à Bahia: é o enorme território baiano a oeste do rio São Francisco.
Estes não são os únicos exemplos do tipo na história do Brasil. Será que os paraenses já superaram o infame episódio da Adesão do Grão-Pará à Independência do Brasil, assinada em 15 de agosto de 1823 pelas lideranças políticas da província, sob a mira dos canhões de navios ancorados na baía do Guajará, os quais ameaçavam de bombardeio sua capital?
E os cariocas? Já superaram o trauma de o Rio de Janeiro ter deixado de ser a capital da República, de uma hora para outra e sem a necessária preparação e adaptação da cidade à sua nova condição? Mas os cariocas têm alguém em quem pôr a culpa: o goiano Toniquinho Soares, que num comício da campanha para presidente de 1955, em Jataí, perguntou (espontaneamente ou incitado?) a Juscelino Kubitschek se ele cumpriria a constituição e construiria a nova capital. Pego de surpresa (ou será que não?), JK se viu obrigado a responder que sim. Ali foi traçado o destino do Rio. JK venceu. Deu no que está dando... E nenhum paulista tem nada que ver com isso. 🙄😁
Como nação ou em nível regional, nós brasileiros ainda temos muitos traumas para superar. Nossa jornada nunca foi fácil, e apontar os traumas e dificuldades de superação dos outros não ajuda em nada.
Glória no passado? Há controvérsias. Paz no futuro? Talvez, mas a depender do que começarmos a fazer agora.

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