terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Pós-metáfora

O fato é este: já vivemos em plena era da pós-metáfora, em que tudo deve ser interpretado literalmente, mesmo quando se trata de textos escritos há muito tempo e com intenções evidentemente poéticas e alegóricas.
Lamentável!
Qualquer alusão à cor branca pode ser interpretada como racismo, mesmo que se refira à neve ou a outra coisa naturalmente branca; a doçura de um beijo pode ser ofensiva aos diabéticos ou aos que combatem o consumo de açúcar; e Geraldo Vandré, quando compôs "Caminhando e cantando...", não pensou nos cadeirantes e noutros que não podem caminhar por falta de pernas?
Acho que estamos problematizando muito e pensando pouco. Há muita coisa para fazer, e não resolveremos nossos problemas com problematizações tolas e estéreis que desviam o foco das necessidades mais prementes de nosso povo.

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