quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Coroas na moita

Enquanto parte da humanidade se solidariza com os britânicos devido ao falecimento da rainha Isabel/Elizabeth II, e o restante do mundo festeja a morte de um símbolo do imperialismo, colonialismo e monarquia, as casas reais das demais monarquias europeias...
Mas... espere aí, Julião! Que negócio é esse de "demais monarquias europeias"?
Bom, o fato é que a maioria das pessoas não sabe que Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda, Liechtenstein, Luxemburgo, Mônaco, Noruega e Suécia também são monarquias constitucionais, democráticas e parlamentes. (Não cito aqui as petromonarquias do Golfo Pérsico nem as do Sudeste Asiático, por motivos óbvios... O Japão é exceção: única monarquia democrática fora da Europa.)
Essas monarquias respiram aliviadas pelo monopólio que a monarquia britânica tem na mídia, chamando para si toda a atenção e deixando-as na maior tranquilidade, na moita, na miúda, na encolha, sem que seus escândalos e fofocas frequentem por muito tempo as páginas de jornais e da Internet.
Essa tranquilidade só é quebrada quando algum jornalista se lembra de que a rainha consorte Sílvia da Suécia nasceu no Brasil, ou de que a rainha consorte Máxima da Holanda é argentina — o que gera uma reportagem, principalmente na imprensa brasileira, para encher linguiça quando não há nada para reportar sobre a nobreza coroada favorita do Mundo Livre.
Por isso, esses príncipes e reis europeus certamente acompanham com atenção o que seu primo Carlos/Charles III do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte fará doravante. Um deslize de Carlinhos pode fazer balançar a coroa em sua cabeça inexperiente em reinar, mas já idosa, e qualquer estremecimento da monarquia britânica poderá gerar um efeito dominó nas demais monarquias européias — o que fará as delícias dos republicanistas de plantão.

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