Vivemos, sem dúvida, a era da pós-metáfora: tudo se lê e se interpreta literalmente, sem noção ou percepção de figuras de linguagem.
E, ao contrário do que pensa muita gente, isso é uma faca de dois gumes: longe de atingir ou beneficiar apenas os negacionistas de sempre, corta à direita e à esquerda.
A enunciação do discurso torna-se cada vez mais difícil, pois é preciso ter muito controle sobre o que se diz para não deixar espaço a interpretações enviesadas e indesejadas. Fica praticamente impossível evitar deturpações, cortes, adulterações, montagens.
Os tempos de hoje requerem muito mais objetividade. Tome-se cuidado, portanto, ao dizer que algo ou alguém precisa ser destruído.
Um time derrotado por 4x0 na final de um torneio de futebol foi destruído pelo oponente? O contexto esportivo permite dizer isso sem grandes problemas além da incitação da rivalidade entre clubes. Já em outros contextos...
O problema de falar dentro de uma bolha é que, muitas vezes, a bolha explode e o conteúdo dela vaza. Aquilo que dentro da bolha é bom e cheiroso, pode ser mostrado fora dela como horrível, podre, fétido, e quem vê isto não consegue entrever a realidade.
A boiada pode não saber para onde está indo, mas o boiadeiro sabe muito bem para onde a está conduzindo.
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