sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Homo brasiliensis


Eu antes me espantava, mas hoje apenas lamento que tantas pessoas, inclusive com curso superior, estejam perdendo a capacidade de identificar metáforas, alegorias e outras figuras de linguagem e interpretem tudo ao pé da letra, ou seja, literalmente.
Já não se podem dizer coisas como “matando cachorro a grito”, “subindo pelas paredes”, “de vento em popa”, “fulano com fome vira bicho”, que logo alguém critica a violência contra os caninos, avisa do perigo de escalar muros, aponta a Era das Navegações como uma desgraça da humanidade, diz que é preconceito contra os animais etc.
Se alguém, para destacar as idiossincrasias do povo brasileiro, refere-se a ele como “Homo brasiliensis”, não demora muito vem um especialista acadêmico, com grau no dedo e doutorado na parede, a dizer que “assim não pode, assim não dá, assim não é possível, pois os brasileiros não são um grupo com característicos que o constituam uma espécie a parte da humanidade”…
Jura?
No ritmo em que vamos, arribaremos sem muito tardar ao fim do mundo… ou da metáfora!

Santarém (PA), 21/10/2021.

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