quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mandioca, o pão dos índios

O Brasil às vezes me parece que involui, caminha para trás em muitas coisas. E nossa memória vai sendo corroída pelo cupim da desinformação, da indiferença e do despeito.
Na temática do reconhecimento ou não da importância da mandioca no Brasil, compartilho e complemento a informação acima, de Palmério Dória (em sua página no Facebook), com os seguintes pontos, fruto de minhas modestas leituras:
Pão dos Índios – No Brasil Colônia, os cronistas – padres ou não – em seus textos chamavam a mandioca de “pão dos índios”, compreendendo sua importância na alimentação indígena (e também da população em geral).
O francês Jean de Léry, em sua clássica Viagem à Terra do Brasil (Voyage à la Terre du Brésil, século XVI), descreve o processo de fabricação de farinha de mandioca pelos tupinambás da França Antártica (atual Rio de Janeiro) e conta, com certa graça, com que habilidade os índios comiam a farinha, colhendo-a da cuia com os dedos e lançando-a à boca, sem nada derrubar; já os franceses, ao imitar o gesto, ficavam todos enfarinhados… (Lembro-me de que, ao ler a obra de Léry há quase 20 anos, achei o processo descrito por ele muito semelhante ao que tinha ouvido sobre casas de farinha no interior de Alagoas.)
Holandeses no Brasil – Em sua obra Tempo dos Flamengos, o historiador pernambucano José Antônio Gonçalves de Melo informa que, durante seu domínio no Brasil, os holandeses perceberam a importância da cultura da mandioca para garantir a subsistência da população da colônia. Por isso todo proprietário de engenho de açúcar era obrigado a plantar, para cada escravo que tivesse, certo número de pés de mandioca, para manter o abastecimento e evitar a importação de alimentos das colônias portuguesas.
Outra medida dos holandeses: proibiram a derrubada de cajueiros e outras árvores frutíferas, pois eram fonte de alimento da população local.
Os flamengos, para evitar contaminação da água, proibiram também que se jogasse bagaço de cana nos rios, como era costume dos engenhos antes da conquista holandesa.
Alimentos que ajudaram a construir o Brasil merecem um pouco de respeito, mesmo daqueles que não os consomem.

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