terça-feira, 5 de junho de 2012

Como surgiram os apelidos?

A jornalista Caroline Ropero, do Diário do Grande ABC, de Santo André, SP, consultou-me há alguns dias sobre o tema “apelidos”, e escreveu uma matéria, que republico abaixo. O texto saiu no caderno Diarinho daquele jornal, no dia 27 de maio. Agradeço-lhe a menção de meu nome.

Como surgiram os apelidos?
Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
Não se sabe ao certo quando surgiram, mas acredita-se que existam há centenas de anos. Estão ligados à origem dos sobrenomes. No passado, eram os apelidos que ajudavam a diferenciar o nome das pessoas. Na Espanha e em Portugal, por exemplo, acrescentavam as terminações ez e es ao nome do pai; Antunes era o filho de Antônio, enquanto Sanchez, o de Sancho.
Outro modo de denominar alguém era pelo lugar de nascimento ou moradia. Alguns portugueses podiam ganhar o apelido de Coimbra, Lisboa, Resende ou Alcântara (cidades do país). Havia ainda os que recebiam por causa da profissão, como Ferreira (vem de ferreiro) ou Barbeiro. Um lenhador podia ser chamado de Pinheiro e um caçador de Raposo ou Lobo. Na França, eram comuns nomes como Fritier, que significa vendedor de peixe frito.
A característica física e a personalidade eram outras formas de nomear. O rei Pepino, o Breve, que governou os francos dos anos 751 a 768, era baixinho; por isso, o apelido. Ricardo I, que reinou na Inglaterra no século 12, foi chamado de Coração de Leão, pois era considerado muito corajoso.
Oficial
Com o passar dos anos, a população mundial cresceu e, assim, foi necessário acrescentar mais um nome ao registro. Antes, cada pessoa tinha apenas um, como Maria ou João. Somente no século 15, o apelido tornou-se oficial. Tanto que em Portugal e na Espanha, a palavra apelido significa sobrenome.
Atualmente, também serve para diferenciar pessoas, principalmente quando há dois amigos com o primeiro nome igual. Às vezes, até os pais nos chamam de modo diferente. Pode ser que José torne-se apenas Zé, e Renata seja Rê ou Renatinha. Esse tipo de apelido é denominado hipocorístico; significa que quem o chamou demonstra carinho ou intimidade.
Por que o Alexandre é pato e o Paulo Henrique, ganso?
Você conhece Alexandre Rodrigues da Silva? Pode acreditar, já ouviu falar nele. Trata-se do nome verdadeiro de Alexandre Pato, jogador do Milan (time de futebol da Itália). O atleta recebeu o apelido por causa da cidade em que nasceu: Pato Branco, no Paraná. Na infância, entretanto, sua família o chamava de Bebetinho por causa de Bebeto, que jogou na Seleção Brasileira na década de 1990.
E o Ganso? O jogador do Santos Paulo Henrique Lima ganhou o apelido na adolescência, enquanto tentava vaga no time. Um funcionário do clube viu o rapaz e outros jovens aspirantes e disse: "Lá vem aquele monte de gansos."
Pode magoar
É preciso tomar muito cuidado ao criar apelido para alguém. Quando está ligado às características físicas, por exemplo, pode ser bullying (conjunto de agressões repetitivas que humilham e magoam). Isso é bastante comum, principalmente na escola, mas não pode ser encarado como simples brincadeira.
O apelido que ofende traz consequências ruins. Quem o recebe, em geral, fica triste e sem vontade de ir para a escola, podendo até adoecer. Se receber apelido de mau gosto, peça para que não o chame daquele modo. Caso não pare, conte o que está acontecendo a um adulto de confiança. Lembre-se: é melhor ignorar as agressões e se afastar da pessoa que a faz. Se tiver colega que enfrente o problema, encoraje-o a denunciar.
Geovanna Sanz Gimenes, 9 anos, de Ribeirão Pires, recebeu apelido dos colegas da escola. No início, não se importava, mas quando descobriu o significado, pediu para não falarem mais daquela forma. "Queria que me chamassem só de GG." A garota acredita que um apelido é legal somente se estiver relacionado ao verdadeiro nome da pessoa. É importante respeitar a opinião do amigo. "Ele precisa gostar e autorizar. Senão, é melhor chamar apenas pelo nome."
Consultoria de Júlio César da Assunção Pedrosa, bacharel em Letras pela USP e revisor de textos na Universidade Federal do Oeste do Pará; e do educador Marcos Liba.
Diário do Grande ABC – Santo André, SP

Este texto foi produzido e postado por meio de softwares livres: sistema operacional Linux Mint 13 Maya LTS; processador de texto LibreOffice 3.4.4; navegador de Internet Mozilla Firefox 9.0.1.
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